ATA DA CENTÉSIMA DÉCIMA QUINTA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATURA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 11.10.1990.
Aos onze dias do mês de outubro do ano de mil novecentos e noventa reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Centésima Décima Quinta Sessão Ordinária da Segunda Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura. Às quatorze horas e quinze minutos, tendo sido constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou fossem distribuídas em avulsos cópias da Ata da Centésima Décima Quarta Sessão Ordinária, que deixou de ser votada face à inexistência de “quorum” deliberativo. À MESA foram encaminhados: pelo Ver. Cyro Martini, 04 Pedidos de Providências; pelo Ver. Edi Morelli, 02 Pedidos de Providências; pelo Ver. Ervino Besson, 03 Pedidos de Providências; pelo Ver. Isaac Ainhorn, 02 Pedidos de Providências; pelo Ver. Luiz Machado, 01 Pedido de Providências; pelo Ver. Martim Aranha, 01 Pedido de providências; pelo Ver. Omar Ferri, 01 Pedido de Providências; pelo Ver. Vicente Dutra, 09 Pedidos de providências; 02 Projetos de Lei do Legislativo nos 130/90 (Proc. 1933/90) e 131/90 (Proc. 1940/90). Do EXPEDIENTE constaram os Ofícios s/nº, do Sr. Faride Germano Machado e Família; nos 21/90, do Presidente da Associação dos Servidores do DMAE; 23/90, do Sindicato dos Lojistas do Comércio de Porto Alegre; 176/90, do Presidente do Sport Club Internacional; 317/90, do Presidente do Tribunal de Justiça do Estado; 2318/90, do Ministério do Trabalho e da Previdência Social; 11333/90, do Presidente da Câmara Municipal de São Paulo; 593 e 594/90, do Sr. Prefeito Municipal de Porto Alegre. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. João Dib, informando a chegada dos balancetes da Prefeitura Municipal, comentou os vários meses em que este Legislativo passou discutindo a respeito do salário dos municipários e sobre os gastos do Executivo Municipal, lembrou, inclusive, o pedido de “impeachment” do Sr. Prefeito Municipal. Sugerindo a extinção da Assessoria de Comunicação Social desta Casa, afirmou ser esta desnecessária, já que não há veiculação dos assuntos importantes discutidos neste Legislativo, na imprensa. O Ver. Clóvis Brum, reportou-se ao pronunciamento do Ver. João Dib, concluindo que o Sr. Prefeito Municipal deveria comparecer a este Legislativo para devidos esclarecimentos. Teceu comentários acerca das matérias encaminhadas pela Assessoria de Comunicação Social, aos veículos de comunicação, afirmando que a decisão de publicá-las não é de responsabilidade dos jornalistas desta Casa. O Ver. Lauro Hagemann, referindo-se ao pronunciamento do Ver. João Dib, quanto à extinção da Assessoria de Comunicação Social desta Casa, defendeu a integridade profissional daquela Assessoria. Discorreu acerca do funcionamento da veiculação das matérias, baseado na experiência vivida por S. Exª, nos órgãos de comunicação. A seguir, o Senhor Presidente registrou que a manifestação do Ver. Lauro Hagemann foi feita também em nome da Mesa. Ainda, em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Luiz Braz cumprimentando todos os Vereadores que participaram destas eleições, em especial os Vereadores Flávio Koutzii e Valdir Fraga, enalteceu a atitude do Ver. Valdir Fraga que, em debate radiofônico, destacou que o PTB não se resume à figura do Dep. Sérgio Zambiasi. O Ver. Omar Ferri, comentando acerca dos pronunciamentos anteriores sobre a atuação da Assessoria de Comunicação Social, destacou a matéria publicada na Revista Veja, sobre os Vereadores deste Legislativo, como exemplo do que ocorre nos meios de comunicação. Cumprimentou os Vereadores eleitos Deputados Valdir Fraga e Flávio Koutzii, discorrendo sobre o processo eleitoral e salientando que esta Casa se fez representar em pelo menos dois Vereadores, na Assembléia Legislativa. O Ver. Vieira da Cunha, congratulou-se com o Ver. Luiz Braz por trazer ao debate desta Casa, os acontecimentos das últimas eleições, elogiando a coragem daqueles que concorreram, nominando os Vereadores Valdir Fraga e Flávio Koutzii. Agradecendo aos Vereadores que se manifestaram da Tribuna quando da visita do Dr. Alceu Collares, nesta Casa, comentou a atitude do PT ao decidir-se pelo apoio à candidatura Collares, para o segundo turno das eleições. O Ver. Wilson Santos, cumprimentou os Edis desta Casa, neste último pleito, os quais ocuparão cadeira na Assembléia Legislativa do Estado. Teceu críticas ao PT, referentemente ao acesso ao Fórum de Porto Alegre e, que até o presente momento, continua sem solução. O Ver. João Motta, teceu comentários acerca de declarações feitas à imprensa, pelo Corregedor do TSE, quanto à aplicação da justiça no País. Comentou a respeito de artigo do jornal Folha de São Paulo, sobre a empresa do Sr. Roberto Marinho e cumprimentou os Vereadores eleitos para a Assembléia Legislativa do Estado, Valdir Fraga e Flávio Koutzii. Em COMUNICAÇÕES, o Ver. Nereu D’Ávila comentou o resultado das eleições, saudando os novos Deputados Estaduais eleitos, Valdir Fraga e Flávio Koutzii, lembrando que, em virtude da eleição do Ver. Valdir Fraga, será possível a volta de S. Exª em caráter efetivo, a esta Casa. Discorreu sobre a situação atual do País, defendendo que os Parlamentares têm o dever de preocupar-se mais com as necessidades reais da população, lembrando os votos brancos e nulos deste pleito. O Ver. Ervino Besson discorreu sobre acontecimento ocorrido no Instituto Médico Legal, quanto à liberação do corpo de um cidadão, declarando-se escandalizado com a forma que os corpos são dispostos naquele Instituto. Parabenizou o Presidente desta Casa, Ver. Valdir Fraga, bem como o Ver. Flávio Koutzii, pelas votações recebidas para os cargos de Deputado Estadual. O Ver. Flávio Koutzii, agradeceu as manifestações dos Vereadores que fizeram uso da tribuna, nesta tarde, tecendo comentários a respeito de sua vida política, bem como do período em que esteve exilado e seu retorno ao País, propondo uma análise sobre o significado dos votos brancos e nulos, ocorridos nestas eleições. O Ver. Omar Ferri, referindo-se ao pronunciamento do Ver. Ervino Besson, sobre o atendimento no Instituto Médico Legal, relatou experiência vivenciada por S. Exª junto ao Instituto de Cardiologia e informou sobre os objetivos buscados pela Instituição, desde a respectiva fundação. Destacou a qualidade de atendimento dispensado à população e do equipamento instalado naquele nosocômio. Louvou a administração do Instituto de cardiologia, nas pessoas dos Drs. Fernando Luchese e Vitor Bertoletti. O Ver. João Dib, parabenizou os Vereadores eleitos Valdir Fraga e Flávio Koutzii, para a Assembléia Legislativa do Estado. Referindo-se a sua manifestação anterior, bem como a de outros Vereadores que se pronunciaram na tarde de hoje sobre sua solicitação de extinção da Assessoria de Comunicação Social desta Casa, lembrou nomes de vários jornalistas que por aqui passaram, assegurando que os acontecimentos ocorridos em Plenário eram devidamente noticiados, fato que, hoje, não ocorre. O Ver. Airto Ferronato, teceu comentários acerca de Parecer Técnico do Tribunal de Contas sobre os gastos da Prefeitura Municipal, asseverando que nos três níveis, Municipal, Estadual e Federal, os gastos com pessoal, são poucos. Comentou a eleição dos Vereadores Valdir Fraga e Flávio Koutzii, cumprimentando-os e fazendo uma avaliação do processo eleitoral, referiu-se aos votos brancos e nulos ocorridos nestas eleições. Ainda, o Senhor Presidente acolheu Questão de Ordem do Ver. Vieira da Cunha, acerca de Questão de Ordem, proferida em Sessão anterior, do Ver. João Dib, relativa ao Projeto de Lei do Executivo nº 33/90; e do Ver. José Valdir, acerca de Substitutivo de sua autoria ao Projeto de Lei que dispõe sobre a abertura do comércio aos domingos. E o Senhor Presidente, ainda, deferiu Requerimento verbal do Ver. Vieira da Cunha, solicitando seja apreciado pela Comissão de Justiça e Redação, deliberação relativa ao Projeto de Lei do Executivo nº 33/90. Nada mais havendo a tratar, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos às dezesseis horas e dezessete minutos, convidando os Senhores Vereadores para a Sessão Solene, a seguir, e convocando-os para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Valdir Fraga e Lauro Hagemann e secretariados pelos Vereadores Lauro Hagemann e Adroaldo Correa. Do que eu, Lauro Hagemann, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelo Sr. Presidente e por mim.
O SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga): Havendo “quorum”, passaremos ao Período de
Comunicações. Antes, porém, o Ver. João Dib solicitou tempo de Liderança. Cinco
minutos, sem apartes.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, passamos
nove meses do ano discutindo o salário dos municipários e os gastos da
Prefeitura com os servidores municipais, o Prefeito afirmando que gastava 75,
80 e mais até. Depois ficou em 75 e, após, em 65 – nunca chegou a 65, e nós
aqui com a tranqüilidade de quem manipulava números por experiência, por tempo,
chegamos que nunca ele tinha chegado a 65%, mas nós pedíamos permanentemente que
nós queríamos porque queríamos, porque a Lei Orgânica determinava os Balancetes
da Prefeitura. E esta semana eles chegaram, e foi uma satisfação imensa para
nós que eles chegaram e depois vou distribuir uma cópia para cada um dos Srs.
Vereadores, porque se vê que no mês de janeiro a Prefeitura teve 302 milhões de
cruzeiros de receita e gastou 144.974 com pessoal, portanto 47,99, e foi quando
o Prefeito disse que não tinha dinheiro para pagar os municipários e atrasou, e
nós até fizemos um pedido de impeachment. Ele deixou o dinheiro dos
municipários rendendo no Banco do Estado de São Paulo no over durante
vários dias, e pagou com o dinheiro do over. No mês de fevereiro, para
receita de 416 milhões pagou 169 milhões, o que representa 37,77%; mas esses
37,77% no conceito da Administração Municipal, que não é o conceito do Tribunal
de Contas, porque no do Tribunal de Contas seria apenas 19,03. E assim se
sucede em todos os meses e não vou cansar os meus colegas, porque vou
distribuir uma cópia para todos, mas o que se verifica é que na média a despesa
de pessoal até o mês de agosto, dentro dos conceitos da Prefeitura Municipal de
Porto Alegre, vai a 50,03, mas os conceitos da Prefeitura, já o Tribunal de
Contas demonstra, estão errados, e nos conceitos técnicos, corretos do Tribunal
de Contas a Prefeitura pagou apenas 28,03 das suas receitas correntes para o
pessoal; significa que eu não sei aonde estão usando tantos recursos, mas nós
fazemos muitas suplementações de verbas e aquela afirmativa que eu dizia que fazíamos
suplementação sem saber baseado em que continua, continuamos não sabendo donde
veio a arrecadação, só sei os montantes porque os números são dados pela
Prefeitura Municipal nos seus balancetes. No ano passado, no mês de maio, eu
chamava a atenção de que havia um balancete cuja receita era 24 milhões e a
despesa 19 milhões e que 5 milhões haviam desaparecido, porque eu nunca tinha
visto um balancete onde receita e despesa não se equilibrassem. Então, dessa
forma, fica desfeita a afirmativa do Sr. Prefeito de que estaria gastando 75% e
a preocupação nossa com despesas de pessoal. E por falar em despesa de pessoal,
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu estou aventurando, talvez, buscar a
antipatia de muita gente para pedir que seja extinta, na Câmara Municipal, a
Assessoria de Comunicação Social. Não tem sentido, porque as notas que saem não
nos ajudam em nada. Ontem, por exemplo, foi debatido um assunto da mais alta
relevância, entre os Vereadores Vieira da Cunha e João Dib, quando pedimos a
manifestação num Parecer de extrema importância e não havia uma nota. As notas
que nós lemos não têm sentido. Nós não precisamos de Comunicação Social!
Estamos gastando muito para que não seja cumprido o grande conceito de
imprensa: imprensa é a pesquisa da verdade. Nós não estamos tendo a pesquisa da
verdade nesta Casa. Portanto, eu estou pedindo, pessoalmente, com toda
antipatia que possa causar, que seja extinta a Assessoria de Comunicação Social
da Câmara por desnecessária. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Clóvis Brum, em tempo
de Liderança.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é muito
difícil se acertarem duas coisas na mesma tarde. O Ver. João Dib acerta uma e,
infelizmente, erra outra. A grande assertiva, Ver. João Dib, é o assunto que V.
Exª levanta nesta tarde sobre o gasto com pessoal na Prefeitura. Eu acho que
não pode ficar o dito pelo não dito. O Dib diz uma coisa, o Prefeito diz outra,
o Fulano diz uma, o Sicrano diz outra. Eu acho que chegou o momento exato de o
Sr. Prefeito Municipal comparecer a esta Casa e falar sobre este assunto. Não
posso admitir mais que só se diga que a Prefeitura gasta 90%, 100%, que gastou
cento e tantos por cento com o funcionalismo. Não é possível admitir mais estas
informações. Alguém está mentindo nesta conversa toda. E é necessário que o
Prefeito compareça nesta Casa. Se o Ver. João Dib pudesse requerer um convite
ao Prefeito para falar deste assunto, eu acho da maior importância. Acho
oportuno este debate.
Com
relação ao pretendido pelo Ver. João Dib ao gabinete de imprensa, a primeira
coisa que se tem que esclarecer é que os assessores de imprensa nenhum é
diretor de jornal, nenhum é dono de rádio, nem um é dono de televisão, nenhum
tem o veículo da sua propriedade para colocar aquilo que os Vereadores querem.
As matérias, normalmente – quando digo normalmente é 99% são enviadas aos
veículos. Olha, sinceramente, tenho recebido os release, não tenho constatado.
Às vezes a matéria sai evidentemente junto com outras matérias na mesma lauda
ou no mesmo release. Mas eu tenho tido o cuidado, sim, de conferir o trabalho
do gabinete de imprensa, para exigir do gabinete de imprensa a execução de um
release: tudo bem Ver. João Dib. Agora, exigir do gabinete de imprensa a divulgação
do que acontece na Câmara é humanamente impossível. Não há condições, porque o
gabinete de imprensa se limita a enviar aos veículos de comunicações os
release, o material.
Em
relação a este caso específico, Ver. João Dib, eu até, como integrante da Mesa,
não só como Líder do PMDB, também vou verificar, Ver. João Dib. Agora, posso
dizer o seguinte: errar é humano.
O
Sr. Omar Ferri: (Aparte
inaudível.)
O SR. CLÓVIS BRUM: Mas não há persistência no erro, Vereador. É
muito mais fácil o Ver. Omar Ferri ocupar a televisão do que nós conseguirmos
colocar uma matéria através do gabinete de imprensa na televisão. É muito mais
difícil. O gabinete de imprensa tem assessores. Não tem veículos, sabe o Ver.
Lauro Hagemann, jornalista antigo, que o gabinete tem assessores, não tem
veículo. Então, exigir a divulgação é humanamente impossível, agora se houve
algum lapso, evidentemente, que não há nenhum constrangimento no sentido de se
acertar, se corrigir. Agora, não se pode, também, é aquilo que dizia Abraham Lincoln:
“Não basta que o homem tenha uma vida toda correta, basta que cometa um pequeno
equívoco e lhe dão as costas.” Não pode ser verdade. Em primeiro lugar o Ver.
Omar Ferri nunca leu Lincoln, começa por aí. O Ver. Omar Ferri não é dado a
leitura, ele ouve muitas histórias que lhe contam e depois começa a discorrer
sobre essas histórias. E o Ver. Edi Morelli, não sei se teria abordado alguma
coisa sobre o assunto, não vi essa manifestação. Não é séria a brincadeira
proposta pelo Ver. Omar Ferri. Ver. Omar Ferri, quando nós acusamos um órgão da
Câmara temos que ter o cuidado de ver o serviço que este órgão presta, senão,
daí a um pouquinho mais vai se dizer que por um equívoco da Diretoria
Legislativa a Diretoria é ineficiente, tem que ser extinta, por um equívoco da
Taquigrafia num apanhado taquigráfico vai se chegar à conclusão de que tem que
ser extinta a taquigrafia, isso não pode. Se isso proliferar, daqui a um
pouquinho mais, pela ausência de alguns Vereadores tem que se fechar o
Plenário. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o
Ver. Lauro Hagemann, em tempo de
Liderança.
O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, todos nós
temos nossos dias de azar ou de malogro. Acredito que o Ver. João Dib, hoje, esteja
num desses dias difíceis.
Gostaria
de me referir à segunda parte do pronunciamento do Vereador, quando propõe o
fechamento da Assessoria de Comunicação da Casa. O Ver. Clóvis Brum falou bem,
os nossos companheiros jornalistas não são culpados de que não saiam nos
jornais, nas emissoras de rádio e televisão as matérias desta Casa. Eles não
são editores, não são, sobretudo, donos dos jornais.
Participo
desta comunidade há 44 anos e sei muito bem o que acontece nos bastidores das
empresas de comunicação para aceitar, não para entender o que se passa com o
Município de Porto Alegre, e, sobretudo, com sua Câmara de Vereadores. Esta
Câmara, apesar de ter 217 anos de idade, não é levada a sério pelos órgãos de
comunicações, porque daqui sai pouca matéria paga. A Câmara é um órgão
desarmado em termos financeiros.
Então,
isto aí, hoje, nos dias que correm, tem uma importância muito grande no
processo de comunicação, quem tem mais recebe mais espaços. Não vou entrar em
detalhes porque são escabrosos. Há gente muito importante no processo de
comunicação que vende notícias, e isto não é de hoje, vem de tempos. Não sei se
nesta Casa tem alguém que possa comprar notícias, com os vencimentos que
recebemos acho um pouco difícil.
Então,
por isso é que quando sai alguma matéria sobre os integrantes desta Casa é no
sentido depreciativo, não para atingir a um, mas atingir a todos, para atingir
a instituição, porque bem ou mal esta Casa aqui tem sempre se posicionado a
favor das reivindicações populares, das coisas imediatas, conseqüentes da
população. Então, eu acho que meus colegas jornalistas que trabalham nesta Casa
não têm por que serem retirados das suas atribuições. O que se reivindicaria,
no caso, é que a Câmara Municipal tivesse um órgão de divulgação próprio, para
que as coisas que acontecem aqui dentro, o que se discute aqui dentro e que é
do interesse da ampla maioria da população, pudessem ser dito com clareza. Esta
Câmara, no dia 3 de abril deste ano, publicou e editou uma nova Lei Orgânica, a
segunda Lei Orgânica do Município de Porto Alegre neste século. Algum órgão da
imprensa fez algum comentário sobre que tipo de Lei Orgânica esta Casa
produziu? Nada. Infelizmente, os órgãos de comunicação, os grades proprietários
dos órgãos de comunicação, hoje, estão interessados em outras coisas que não
são a comunicação. Existe gente interessada na exploração do solo urbano de
Porto Alegre. Existe gente interessada em vender os seus produtos lá fora,
existe gente interessada em investir em fazendas, em gado, e não na Comunicação.
E, no entanto, a Comunicação neste século, e neste final de século, sobretudo,
é fundamental para o ser humano. É uma coisa muito delicada, não se pode em
cinco minutos aflorar todos os aspectos do tema, mas já há um movimento nas
entidades de classe dos jornalistas para que se comece a repensar a função da
imprensa. Ela está sendo desvirtuada e os jornalistas estão levados a esta
condição. Eu tenho dito e repito aqui: nós estamos sendo comparados aos maus
políticos, porque os maus jornalistas existem, como existem os maus políticos,
mas esse conceito está sendo estendido a toda a categoria. O que não é verdade.
Por
isto encerro, Sr. Presidente, pedindo desculpas ao companheiro Ver. João Dib,
pedindo que ele reexamine o seu pedido de pura e simples supressão do Setor de
Comunicações da Casa. Ele continua imprescindível. Hoje, talvez, não tenhamos o
espaço que nós desejamos e precisamos, mas quem sabe amanhã teremos. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. VIEIRA DA CUNHA (Questão de Ordem): Na verdade, o Ver. João Dib se refere a uma
Questão de Ordem levantada por este Vereador na última Sessão, que foi no
sentido de que a Mesa lesse o Parecer da Auditoria exarado em função de uma
Questão de Ordem levantada pelo Ver. João Dib. E isso foi feito pela Mesa. Mas,
Sr. Presidente, permaneceu a dúvida, já que o Parecer da Auditoria é um simples
Parecer. A minha Questão de Ordem é no sentido de que V. Exª encaminhe à
Comissão de Justiça e Redação desta Casa o assunto relativo à Questão de Ordem
levantada pelo Ver. João Dib, que diz respeito a possibilidade, ou não, do Sr.
Prefeito retirar de tramitação um Projeto de Lei que trata da relação da
despesa de pessoal com a Receita do Município. Já que esse Projeto de Lei foi
enviado à Casa, não por vontade do Sr. Prefeito, mas por força de uma outra Lei
Municipal. Como o Parecer da Auditoria é uma manifestação técnica de um órgão
da Casa, não composto por Vereadores, me parece que há ainda a necessidade de
nós ouvirmos a Comissão de Justiça e Redação sobre este tema. É o Requerimento
que formulo a V. Exª em Questão de Ordem.
O SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Eu quero endossar o Requerimento do Ver.
Vieira da Cunha, até porque parece que o Prefeito vai mandar uma Mensagem
Retificativa e eu gostaria de, na primeira oportunidade, pedir que até o art.
41 fosse votado o Projeto de Lei.
O SR. PRESIDENTE: Como o Ver. Lauro Hagemann se pronunciou em
nome da Mesa, nós não precisamos nos pronunciar.
Com
a palavra o Ver. Luiz Braz pelo PTB.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, passadas as
eleições deste ano de 1990, pelo menos as proporcionais, eu não poderia deixar
de vir a esta tribuna para cumprimentar a todos os integrantes desta Casa que
concorreram nestas eleições proporcionais. Porque todos os Vereadores que foram
candidatos nestas eleições proporcionais provaram para a população de Porto
Alegre que eles têm representatividade e que esta Casa tem, realmente,
reconhecimento no meio da comunidade. E é claro que a minha referência especial
é a dois nomes de alto relevo dentre nós Vereadores: Ver. Flávio Koutzii, a
quem eu sempre respeitei, não apenas como Vereador aqui nesta Casa, mas por sua
inteligência, pela participação para que os problemas da nossa comunidade e da
nossa Nação pudessem se resolver da melhor forma possível, homem que já
demonstrou sua coragem em diversos episódios e que, nestas eleições, mereceu o
reconhecimento da população do Rio Grande do Sul. Elegeu-se Deputado Estadual e
eu tenho certeza absoluta de que a Assembléia Legislativa vai ganhar em muito
com a sua participação e a Casa, que infelizmente não vai contar mais com o seu
trabalho diário, vai perder realmente, porque V. Exª trouxe um aumento de
qualidade para todos nós. E um outro Vereador desta Casa, que eu tenho
realmente que enaltecer, é o meu amigo, Presidente da Câmara Municipal de Porto
Alegre, Ver. Valdir Fraga. E eu faço questão se fazer referência a um episódio
acontecido na semana passada: o Ver. Valdir Fraga fazia parte de um debate na
Rádio Gaúcha e o apresentador do debate fazia uma referência ao Partido
Trabalhista Brasileiro, ao PTB, como se fosse simplesmente o partido do Sérgio
Zambiasi, um partido sem filosofia, sem ideologia, sem maiores ideais a não ser
os professados pelo nosso companheiro de partido, Sérgio Zambiasi. Nós
respeitamos muito o Zambiasi, mas não podemos concordar que o PTB, que de uma
hora para outra, uma sigla tão gloriosa para nós aqui do Rio Grande do Sul, se
transforme no partido de um homem só. E o Ver. Valdir Fraga viu muito bem este
detalhe e, mesmo não pertencendo ao PTB, pertencendo a uma outra coloração
partidária, o PDT, muito embora defensor de uma mesma ideologia, soube, naquele
momento, dizer que aqui nesta Câmara Municipal o PTB não era representado
simplesmente por Sérgio Zambiasi, ou por algum que tivesse alguma ligação com
ele, e sim que tinham ligações trabalhistas com o PTB, e tinham o compromisso
com as pessoas que acreditavam no trabalhismo. Por esta honestidade de
propósitos do Presidente da Casa, que não precisava defender a nossa Bancada,
não tinha nenhum integrante do PTB, naquele momento, naquele debate, e isso
acabou causando tamanha impressão favorável nas pessoas que ouviam o meu amigo
Valdir Fraga, e uma delas, não preciso omitir, a minha esposa que ouvia o
debate da Rádio Gaúcha, telefonava para mim, eu estava em outra emissora,
interrompia a minha participação, apenas para me comunicar esse fato. Então, V.
Exª foi valoroso na participação daquele debate e, realmente, esta Casa vai
perder com a sua saída, e a Assembléia Legislativa vai ganhar com V. Exª lá.
Enquanto tivermos pessoas assim como V. Exª, assim como o Ver. Flávio Koutzii,
que engrandecem aqueles que por aqui passam, tenho certeza de que todos aqueles
que procuram destruir a Câmara não irão conseguir. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Omar Ferri.
O SR. OMAR FERRI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, por dois
motivos ocupo esta tribuna nestes cinco minutos de Comunicação de Liderança. Em
primeiro lugar, acho que os Vereadores, pelo menos entendo, que me antecederam
têm toda a razão quando criticam a situação da imprensa e da comunicação neste
País. É duro, para nós, de repente, verificar que os meios de comunicação não
relatam a verdade que se passa nesta Casa. Fiquei muito sentido, quando a
Revista Veja, numa matéria toda escandalosa, denegriu toda esta Casa colocando
na capa um Vereador que eu não tenho nada contra ele, estou citando fatos,
estou fazendo alusão à matéria, um Vereador cuja base da sustentação política
dele era a demagogia. Esta mesma Revista Veja colocou que este Vereador teria
72, 62 faltas, não me lembro bem. Mas eu lastimo que a Revista Veja não tenha
assinalado, também, aquilo que o Jornalista que fez a matéria destacou.
Eu
estive quase um mês fora desta Casa num Simpósio de Direitos Humanos na Suíça.
Portanto, neste período assumiu o Suplente. O meu partido, conseqüentemente, se
fez presente, esteve aqui. Não houve desídia deste Vereador. Numa segunda
oportunidade eu me desloquei à Capital Uruguaia onde, a convite do General
Seregny, fui convidado para ser observador internacional de um plebiscito que
lá ocorria. O Presidente da Casa é sabedor deste acontecimento.
Eu
não sei, Sr. Presidente, se a Casa poderia ter tomado alguma providência com
relação àquela matéria. Acho que deveria, no entanto não vai nenhuma crítica a
V. Exª. Esse é o primeiro lado da história. O segundo lado da história, eu sou
absolutamente isento para fazer duas louvações que eu farei agora neste
momento. E por que eu sou absolutamente isento? Porque eu tenho as minhas
restrições ao Ver. Valdir Fraga, pequenas, algumas coisas que aconteceram que
absolutamente não podem criar condições embaraçosas a nossa longa amizade. E
outra, o Ver. Flávio Koutzii que tenho que dizer com todo o sentimento, toda a
lástima que eu não cumprimento o Ver. e ele não me cumprimenta. Mas,
absolutamente, isto não é motivo e não pode ser motivo para que eu deixe de vir
proclamar que a eleição desses Vereadores nos salvou. E os senhores poderiam imaginar
se nenhum dos Srs. Vereadores tivessem conseguido se eleger, como nós
ficaríamos. Eu entendo que tanto o Ver. Flávio Koutzii como o Ver. Valdir Fraga
salvaram a reputação externa da Casa. Tanto um Vereador como o outro disseram
que a Câmara esteve presente nestas eleições e que a Câmara conseguiu se sair
muito bem representada nestas eleições, porque elegeu duas de suas figuras de
maior destaque. Outros não se elegeram – peço o gancho também do Ver. Clóvis
Brum – e é muito difícil dizer por que um se elege e outros não. Uma coisa é
correta, um belo trabalho e uma boa apresentação dessas duas candidaturas. É
incrível, se eu disser para os senhores que eu evito de comparecer num certo
programa de televisão, podem os senhores pensar: o Ferri ficou louco, porque
todo mundo corre atrás, mas com o Dib acontece a mesma coisa. Eu tenho evitado
e vou dizer aos senhores o porquê: porque apesar do Ver. Jaques Machado ser um
grande demagogo, auto-proclamado demagogo, a tese dele é correta. O Ver. Jaques
Machado diz que um Vereador que dá um discurso hoje contenta 50% dos seus
ouvintes e descontenta 50%, num segundo discurso ele descontenta mais porque os
25% ficaram a favor e os outros 25% ficaram contra, e assim sucessivamente.
Haverá um determinado momento em que este tipo de intervenção pode se tornar
mais prejudicial. Talvez com os senhores, talvez com o Ver. Valdir Fraga e com
o Ver. Flávio Koutzii não ocorreria isso, mas dado o meu temperamento passional
de ser um Vereador que quebra a cara na parede acontece isso. Acho que esta é
uma das razões entre outras porque nós não conseguimos nos eleger. Mas de
qualquer maneira todos aqueles que concorreram e não se elegeram recebem também
aqui as minhas homenagens, porque democracia é isso: tem que se praticar, é como
esporte, muitas vezes o resultado é secundário, é que todos nós estamos lutando
e formamos um conjunto que está lutando pela melhoria das situações das nossas
comunidades. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Tempo de Liderança com o PDT, Ver. Vieira da
Cunha.
O SR. VIEIRA DA CUNHA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quero em
primeiro lugar parabenizar a lembrança oportuna do Ver. Luiz Braz no sentido de
trazer ao debate, nesta Casa, as últimas eleições e, principalmente, fazer referência
a todos os companheiros que se jogaram nesta luta eleitoral. Falo desta Tribuna
com muita autoridade porque, propositadamente, não quis concorrer nesta
eleições e admiro aqueles que tiveram a coragem de se colocar nesta luta, num
período que estamos vivendo de profunda descrença nas instituições políticas,
particularmente no parlamento. Um dos motivos maiores de eu não ter concorrido
nestas eleições foi este, o de já antever esta manifestação negativa do
eleitorado, que acabou se concretizando; uma avalanche sem precedentes de votos
nulos e votos em branco, em especial para o parlamento. E, desta avalanche,
aqui desta Casa, salvaram-se duas figuras, uma é meu companheiro de Bancada,
Ver. Valdir Fraga, que colocou seu nome, seu prestígio, seu passado político
nestas eleições e saiu-se maravilhosamente bem. Um Vereador com quem convivemos
já no Executivo e aprendemos a admirar o seu estilo de trabalho sério e
dedicadíssimo. Um Vereador cuja conduta orgulha a Bancada do PDT, fará muita
falta ao nosso Partido nesta Casa, mas, por outro lado, a Assembléia
Legislativa ganhará um Deputado que saberá honrar as tradições de bons
parlamentares trabalhistas. Por outro lado, o Ver. Flávio Koutzii, a quem
aprendi também a respeitar no primeiro ano de Governo do PT, quando eu tinha a
responsabilidade de liderar a maior Bancada de oposição e ele liderava a
Bancada de situação. Travamos aqui longos debates, acirradíssimos, mas que, ao
contrário de prejudicar a nossa relação fez com que - pelo menos de minha parte
e acredito que também da dele – nos aproximasse em respeito mútuo. Sempre achei
que o espaço político da Câmara de Vereadores era desproporcional à capacidade
política, à representatividade, ao preparo de alguém como Flávio Koutzii. A sua
presença na Assembléia, ao lado do Valdir e de tantos outros que conseguem se
eleger, é a garantia de que estamos no caminho certo de que o parlamento gaúcho
passará a viver melhores dias, dias que, sob o ponto de vista da população,
mais confiáveis para os interesses da grande maioria dos cidadãos gaúchos. Em
segundo lugar, queria render minhas homenagens a todos os companheiros que se
manifestaram desta tribuna por ocasião da visita do nosso candidato ao governo
do Estado a esta Casa, Alceu Collares, agradecer um a um dos que se
manifestaram em favor da candidatura dele ao Governo do Estado. Não poderia
deixar de lançar o meu protesto, pena que não se encontra presente na Casa, mas
ainda volto a falar deste tema da tribuna, a posição sectária divulgada à
imprensa pelo Ver. José Alvarenga, que prega a anulação do voto nestas
eleições. É inaceitável a sua posição e voltarei oportunamente a debater com o
Vereador este tema. Finalizo, parebenizando também a direção nacional do
Partido dos Trabalhadores, que tirou o indicativo coerente de apoiar a
candidatura Collares no segundo turno das eleições. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Wilson Santos, Líder do
PL.
O SR. WILSON SANTOS: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu já
havia cumprimentado pessoalmente o Ver. Flávio Koutzii, e havia cumprimentado o
Ver. Valdir Fraga, mas nunca é demais repetir que eu faço “quorum” com a
iniciativa do Ver. Luiz Braz, e dos Vereadores que lhe seguiram nesse
comentário da tribuna. Realmente, colocando em relevo a conquista desses dois
colegas que realmente emprestarão o especial brilho ao parlamento do Rio Grande
do Sul. Eu vou fazer duas severas críticas ao PT, e devo abrir um parênteses e
dizer até para que jamais paire qualquer dúvida que eu não sou anti-sigla
nenhuma e muito menos anti-PT. Eu acredito que as siglas partidárias
desempenham um papel fundamental na Democracia, não são materiais refratários
que não permitam aproximação, nem tão pouco doenças infecto-contagiosas. Eu até
admiro o PT, e por muitas vezes em termos da prática organizacional eu
critiquei o Partido Liberal que não teve ainda uma capacidade de organização
como teve o PT e tem seguidamente dado esse exemplo. Só que eu agora vou cobrar
não mais da Administração, vou cobrar da Liderança do PT um compromisso que
existe. E sei que este compromisso vai ser honrado, só que faço a crítica pela
demora em que está tendo para acontecer um desfecho melhor, a situação crítica
do Foro de Porto Alegre. O Foro de Porto Alegre é justiça. A justiça não é do
Município, mas a justiça atende o povo de Porto Alegre. Ali naquele prédio na
Celeste Gobatto um prédio de 10 andares abriga as diversas Varas, em que ali é
feita justiça, e os usuários do Foro são dos mais diversos matizes que compõe a
coletividade porto-alegrense. É um fluxo de 4 mil pessoas diariamente indo ao
Foro. O ano passado, no início do ano, a dor que ensina a gemer fez com que os
usuários estabelecessem um acesso improvisado para o Foro da Aureliano de
Figueiredo Pinto até a Celeste Gobatto. E aqui eu nunca entrei no mérito de se
a autorização para a invasão daquela área pública pelo CTG Estância da Azenha
foi da Administração Collares ou foi da Administração do PT, a verdade é que
quando estava na iminência de colocar a cerca e fechar a área foi que eu
denunciei, porque o uso comum de uma área pública estava sendo ilegalmente
impedido aquele acesso, mesmo assim foi fechado, a construção irregular
continua lá irregular, ilegal, e estou pedindo, tenho uma denúncia calcada no
Decreto-Lei nº 201, nesta Casa, é uma coisa séria, eu fiz questão de ir
protelando, aceitando jogadas lícitas nossas aqui da prática legislativa para
ir empurrando com a barriga para não trazer, porque eu acredito numa decisão,
numa solução partindo da Bancada do PT, só que eu já estou cansado de esperar.
Tenho um outro remédio jurídico, até porque no contexto tem um outro fato
grave: a EPATUR está explorando um estacionamento em cima de uma área pública,
que é irregular, e eu digo, tem conotações inclusive de responsabilização
criminal por aquela exploração. Eu não quero responsabilizar ninguém, eu quero
solução para os problemas. E a segunda crítica que anunciei não vou poder
fazer, mas só quero dizer que quando pedi uma Comissão nesta Casa para aferir,
à luz da legislação federal a despesa com pessoal, eu sugeria à Presidência da
Comissão de Orçamento da Casa, especialmente ao Ver. Airto Ferronato, porque eu
sempre afirmei que à luz da legislação federal nunca havia passado de 65% a
despesa com pessoal. E não vou poder analisar os dados que me são trazidos
agora, que comprovam que realmente a despesa com pessoal, mesmo incluindo as
autarquias no conceito da administração, o máximo a que chegou – ultrapassou
num mês 65, porque foi 66, 64, mas volto a falar, Sr. Presidente, para não
avançar na moldura do Regimento, que eu já ultrapassei os cinco minutos e
encerro meu pronunciamento neste momento. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Liderança com o PT. Com a palavra o Ver.
João Motta.
O SR. JOÃO MOTTA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a última
“Isto é -Senhor” nos apresenta uma entrevista de fundamental importância para
nós e para a sociedade que ainda vive, lamentavelmente, uma situação de ser
muitas vezes apenas parcialmente informada sobre a verdade. E diz o
ex-Corregedor-Geral do Tribunal Superior Eleitoral, Ministro Romildo de Souza,
que atualmente é professor de Direito na Universidade de Brasília, que a
Justiça, no Brasil, em síntese, é feita e cumprida pela metade. Diz o ministro
que se constatam ainda uma série de distorções e lacunas na atual Legislatura
eleitoral, portanto, é uma entrevista onde ele assume, de uma forma
transparente, esse quadro. E eu quero dizer que concordo com esse tipo de
postura na medida em que não assume uma posição patriótica, como muitos juízes
ligados à própria Justiça Eleitoral aqui no Estado às vezes assumem. Constata
que o abuso do poder econômico hoje, numa eleição, se dá de uma forma muito
mais sofisticada; reconhece que a divulgação de prévias e o verdadeiro festival
feito nas últimas eleições pelos institutos de pesquisas influenciam, sim, o
eleitor, particularmente o eleitor analfabeto. Assim, me parece que essa
entrevista, que eu estendo para que todos a leiam com a devida atenção, abre
uma página da chamada inconstitucionalidade brasileira, que me parece
fundamental de ser lembrada, exatamente quando a gente vive mais um processo
eleitoral. Há uma outra lembrança que eu gostaria de fazer, que foi um artigo
divulgado na última quinta-feira, se não me falha a memória, um dia após as
eleições, no jornal “Folha de São Paulo”, onde se levanta a tese de que a
chamada empresa do Sr. Roberto Marinho hoje no Brasil cumpre o papel de ser uma
rede de comunicações oficial. E existe, ainda, com relação à “Folha”, recentemente,
um processo de tentativa de enquadramento daquele veículo de comunicação,
envolvendo um episódio que o jornal tinha levantado sobre o próprio Governo
Collor. Eu digo e lembro estes dois episódios para tentar fazer uma pequena
simbologia com isto que está acontecendo e que já foi lembrado pelo conjunto
das Lideranças neste dia, ou seja, mesmo que a justiça, ela seja feita pela
metade, mesmo que vivamos numa sociedade onde se conviva cotidianamente com a
chamada rede oficial, nós temos alegrias, como foi a alegria da eleição do
companheiro Flávio Koutzii e a alegria da eleição do companheiro Valdir Fraga.
Eu
acho que é por estes dois momentos que de certa forma nos atingem, em algumas
com mais ou menos intensidade, sob o ponto de vista emocional é que a gente
gostaria de reafirmar que, independente de estar aqui falando em nome da
Bancada, eu gostaria de fazer este registro muito em nome pessoal, e mesmo
diante deste fato, estou convencido, pessoalmente, de que vale a pena nós
tentarmos assumir este desafio que é o de transformar a sociedade brasileira.
Por isto me alegro muito, me emociono muito ao ver o companheiro Flávio, o
companheiro Valdir, ocuparem um espaço que sem dúvida nenhuma é um desafio a
mais, mas que, certamente, pelo conhecimento e pela convivência que temos com
estes dois companheiros, muito nos alegrará esta presença destes companheiros
no espaço, agora, da Assembléia Legislativa.
Quero,
por fim, mais uma vez, registrar, embora isto tenha me causado, pessoalmente,
alguns transtornos, que está mantida aqui a palavra, não só minha, mas também
do próprio Prefeito Olívio Dutra, de nós resolvermos imediatamente este
problema que, mais uma vez, foi lembrado aqui na tribuna pelo Ver. Wilson
Santos. Está mantido o nosso compromisso e nós o honraremos. Embora isto possa
nos custar algum tipo de transtorno ou algum tipo de delonga em termos de
tempo. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Passamos às
COMUNICAÇÕES
Primeiro
orador é o Ver. Isaac Ainhorn, que cede o seu tempo ao Ver. Nereu D’Ávila. V.
Exª está com a palavra.
O SR. NEREU D’ÁVILA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, como
estamos todos emergindo das urnas de 3 de outubro, inclusive com o resultado do
Tribunal Regional Eleitoral, divulgado ontem, não poderíamos nos furtar de
também, seguindo o caminho de outros colegas, saudar os novos Deputados
Estaduais que a Câmara de Porto Alegre oferece ao Rio Grande. Os Vereadores
Valdir Fraga da Silva e Flávio Koutzii foram eleitos Deputados Estaduais pelas
legendas do PDT e PT respectivamente. Com o companheiro Flávio Koutzii,
lamentavelmente não tive o privilégio de conviver aqui durante esse tempo por
motivos óbvios, mas pelas informações dos colegas sei que terá uma presença
marcante na Assembléia como já demonstrou aqui durante anos. A respeito do Ver.
Valdir Fraga da Silva não há a menor dúvida de que, mercê de ter sido por vezes
consecutivas o Vereador mais votado e das maiores votações da Cidade de Porto
Alegre, sempre nas eleições, através de um trabalho contínuo, persistente e
permanente junto as suas bases eleitorais deram-lhe nesta eleição dificílima
uma votação intermediária que lhe garantiu a vaga. Mas conhecendo o Ver. Valdir
como conhecemos, temos a certeza de que já na próxima eleição não estará no
bloco intermediário, porque a característica dele é demonstrar no trabalho o
seu valor e, depois, colher nas urnas o resultado do seu trabalho. A ambos eu
desejo toda a sorte e sucesso que tenho certeza será obtido na Assembléia
Legislativa. Mas, mercê da eleição do Ver. Valdir Fraga, privilegiou a nós o
retorno a esta Casa dentro em breve em caráter definitivo para o resto da
Legislatura e isso nos enche de contentamento e queremos desde logo confessar
que durante estes dois anos que estivemos afastados, serviu não só para um
aprendizado mais maduro, uma reflexão melhor, um convívio mais permanente
também junto às angústias do povo lá fora e a compreensão da dimensão exata do
fenômeno do voto branco, do voto nulo, que significa um recado direto, um sinal
vermelho de que algo deve mudar e ordeira e pacificamente o povo colocou, até
sublimemente, o seu protesto que deve ser assimilado, que não deve ser
repudiado, que deve ser absorvido pela classe política que algo vai mal. E
também um recado direto aos Parlamentos, que devem mudar suas atitudes,
imediatamente, porque o povo está descontente com eles.
Não
quero aqui ser salvador da Pátria, nem criticar esta Casa, a que muito prezo,
de que gosto muito. Mas o recado do povo lá fora, e a minha convivência lá fora
diz que a retórica que o discursismo e discussões estéreis dentro dos
Parlamentos nada têm a ver com o sofrimento do povo, com sua permanente
angústia, com sua permanente sofreguidão de que os seus problemas não estão
sendo resolvidos. Junto disto também vai uma dose de desencanto, que depois de
29 anos sem votar, votando num Presidente tudo mudaria. E tudo mudou só que
para pior.
Sobre
os Parlamentos tenho a segurança, agora, de que devemos nos aferrar, nos
preocupar com aquelas populações depois que terminam os calçamentos, as
populações que estão angustiadas. E deixar o rebolativo, a retórica, a
redundância para outros setores. Ontem, foi votado aqui uma cidadania para
Mandela, tudo bem, acho merecido, é líder do anti-racismo, só que está lá do
outros lado do mundo, nada tem a ver com a fome, com a angústia, a realidade
social, a falta de dinheiro para pegar o pão, o feijão, o colégio da população
de Porto Alegre. Não quero com isto condenar o ato de dação de cidadania, mas
quero dizer que não entro mais nessa, aprendi lá fora, volto amadurecido,
refletindo que não estão aí os caminho dos Parlamentos. Tem que haver uma
comunicação direta com as verdadeiras angústias de todos os Parlamentos, porque
a ninguém, nem à democracia, muito menos, convém o fechamento dos Parlamentos,
eles são os tambores da democracia. Só que do jeito que vai está mal. E quando
venho para cá sinto que há uma dissintonia entre os reais interesses da
população e o que se fala em retóricas, e as discussões estéreis formuladas
aqui dentro e de resto em todos os Parlamentos. Este, pelo menos, não tem a sua
fotografia estampada, sempre vazio, como tem o Plenário da Câmara Federal.
Temos
que entender o que o povo pensa lá fora. E não ser doutor aqui dentro em
sociologia política.
Então
volto com a garra, com ânimo e com disposição, com forte sentido de crítica e
com coragem pessoal e cívica, que, aliás, sempre me caracterizou. E se Deus
quiser estaremos juntos no ano que vem. Eu sempre digo que há males que vêm
para bem e estes dois anos me ensinaram muito e eu pretendo ter a humildade de
ter aprendido e amadurecido, porque lá fora existe uma preocupação do povo, que
não é exatamente a de dentro de muitos parlamentos. Não venho com
auto-suficiência, dar lição de moral e dizer isso e aquilo dos meus, estou falando
em tese, porque ainda acho que amo esta Casa o suficiente para achar que foi,
inclusive ela, particularmente injustiçada, por quê? Porque apontada no ano
passado numa paranóia de desmoralização dos Parlamentos, nunca foi feita uma
reportagem do que este Parlamento fez de bom, do mutirão que ele fez em prol
dele mesmo, pintando, conseguindo verbas com os próprios empresários como
própria cobertura para o Plenário novo, que foi feito com muito pouco dinheiro
do povo e sim com doações pelo esforço do Presidente da Mesa e dos Vereadores
desta Casa, que não é rica, não é faustosa. Lamentavelmente, positivamente,
nunca foi feita uma reportagem e sim negativamente. Talvez, por um excesso de
motoristas, coisas de problemas administrativos, foi a única coisa que encontraram
e colocaram desairosamente numa injustiça clamorosa, porque quando há justiça,
quando se faz e se pega um Parlamento que rasga o dinheiro do povo, tudo bem.
Não é o caso deste!
Portanto,
apesar disso, assim mesmo, nós devemos ajustar os nossos relógios, porque o
povo lá fora está realmente desesperado, não é demagogia, não é discurso de
retórica e tal. É, efetivamente, eu estive lá fora e senti um depauperamento
cada vez maior junto à desesperança dos descamisados. Aliás, este tema foi
usado pelo Sr. Presidente, de que eles seriam os grandes privilegiados dos
novos tempos. Ao contrário disso, eles até sem emprego estão, muito ao
contrário, estão desesperados.
As
mensalidades escolares estão aí para provar que o aumento foi efetivo em tudo e
em todas as questões mais próximas do bolso do trabalhador, menos no seu
salário, que foi confiscado tanto quanto a poupança e quanto a conta-corrente.
Acho
que nós temos que fazer um mutirão sim e que esta Câmara seja um exemplo forte
do não desperdício do dinheiro público, porque o povo está realmente sufocado e
ainda tem pouco de esperança. Eu que fiz visitas domiciliares em função das
eleições e em função de não estar aqui, por dever partidário, porque sou
presidente de uma zonal, eu senti dentro dos lares o desespero das pessoas, que
diziam: “Não, eu não voto mais em vocês, enquanto não mudar tudo isso aí, eu
não tenho que votar, porque votar significa alguma coisa como participar de uma
coisa que acho que está poder, que é a política.” Evidentemente, neste desespero
está um conteúdo absolutamente equivocado, porque aí mantém-se o “status quo”, que só serve aos que se
aproveitam do povo: as elites. Mas isso compete a nós mudar essa mentalidade, e
não apenas criticar vaziamente o voto nulo e o voto em branco. Foi, não uma
ignorância como alguém andou publicando, chamando o povo de ignorante e que não
sabe votar, isso sim é que é uma ignorância. E alguns jornalistas colocaram
isso em croniquetas superadas. Mas o que há realmente foi um recado direto,
transparente, visível para que, através do voto em branco, da nulidade do voto,
algo tem que mudar no reino podre da Dinamarca. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Ervino Besson.
O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu vou me
pronunciar sobre dois assuntos: um triste e outro alegre. Vou deixar o alegre
para o final. O assunto triste, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, foi que, na
segunda-feira este Vereador foi procurado por uma moradora da Monte Cristo para
que eu me dirigisse até o IML para liberar um corpo. O corpo de um senhor que
havia falecido de um ataque cardíaco às 18 horas de domingo. E este corpo, Ver.
João Dib, só foi recolhido na segunda-feira às 16 horas.
Estive
no IML, às 17 horas, e lá estavam os familiares do falecido, desesperados para
tentar liberar o corpo daquele cidadão, mas o que mais me impressionou, Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, foi quando eu entrei no Instituto Médico Legal
para tentar localizar um médico para liberar o corpo. Abrindo aquela porta, e
não é a primeira vez que eu vou lá para fazer este tipo de trabalho, nós temos
que estar preparados para não desmaiar. Lá havia corpos desde a entrada da
porta até o local que tínhamos condições de ver pessoas praticamente despidas. É
uma verdadeira visão macabra e eu tinha que perguntar à senhora, a filha deste
cidadão que tinha falecido, se estava preparada, se tinha coragem. Eu fui
informado, depois, que tinha numa média de 140 corpos e não tinham onde
colocá-los. Ela se mostrou corajosa, foi lá e identificou o pai dela. O meu
estarrecimento é diante da dúvida se, quando morrermos, seremos jogados pior
que bichos. Tenho certeza absoluta de que os bichos têm tratamento melhor.
Naquele momento eu não era sabedor de que o IML estava em greve. Aquelas
pessoas recolhem os corpos depois de 12 horas e, não tendo onde colocá-los nas
geladeiras, são colocados no chão. O cheiro é insuportável. E o drama daquelas
famílias é lamentável. Eu fiquei 2 horas no IML e saí de lá atordoado. Há
pessoas que morrem por diversos tipos de acidentes, ataques, enfim, aquilo tudo
que nós conhecemos e, quando chegam lá são jogados assim como se joga um trapo
qualquer. Aqueles corpos estavam sendo liberados sem autópsia. O drama daquelas
famílias, Srs. Vereadores, não há adjetivos que possa qualificá-lo. Mas chamo a
atenção dos nobres Pares desta Casa para o assunto. Não sei até que ponto nós
temos força para fazer alguma coisa, para que mude aquela visão macabra a que
eu tive oportunidade de assistir e de sentir na carne, aquela visão que peço a
Deus que me livre de assistir novamente à dor e ao drama daquelas famílias e
aos seres humanos simplesmente jogados, piores do que trapos. Tristemente
lamentamos fatos como este e lamentamos também que o nosso Governo do Estado
não vá lá, ele próprio, assistir ao drama daquelas pessoas. Mas vamos deixar a
tristeza de lado e passar para o lado alegre das coisas. Quero parabenizar o
nosso Presidente da Câmara. Como outros colegas já o fizeram da tribuna, eu
também não poderia deixar de fazê-lo. O Ver. Valdir Fraga, Presidente desta
Casa, e o Ver. Flávio Koutzii. O Ver. Nereu D’Ávila colocou muito bem a luta
dessas eleições, a descrença do eleitor, que nós sentimos na carne. Mas esta
Casa, hoje, pode-se sentir engrandecida, pois tivemos a vitória de dois homens,
que vão, sim, fazer falta a esta Casa, mas tenho certeza de que ela vai ser
também engrandecida com a vinda dos Suplentes, Ver. Nereu D’Ávila e Heriberto
Back, portanto, é uma vitória para a Cidade de Porto Alegre. Porque temos
certeza, absoluta, de que quem ganhou com isso foi o nosso Estado, o nosso Rio
Grande, porque teremos, na nossa Assembléia, juntamente com outros colegas,
duas pessoas dignas, que estarão lá com seus gabinetes abertos para receber o
reclamo desta população tão sofrida e esquecida. Portanto, fica aqui, ao
Presidente desta Casa, os meus mais sinceros agradecimentos por tudo quanto ele
colaborou com este Vereador, em minha primeira Legislatura, e outros colegas
também, o Ver. Flávio Koutzii, homem sofrido, que viveu no exílio, reconhecemos
isso, não só nós, mas grande parte da população do nosso Estado, porque sabemos
como é triste numa ditadura militar o sofrimento pelo qual V. Exª passou, por
longos anos, mas não esmoreceu, sempre teve fibra e se preocupou com o povo que
tanto necessita, assim como o Presidente desta Casa. A Casa está gratificada,
otimista e alegre, porque estaremos, mais uma vez, muito bem representados na
Assembléia Legislativa do Estado. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Lauro Hagemann): Com a palavra o Ver. Flávio Koutzii.
O SR. FLÁVIO KOUTZII: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, não pensava
de fato, hoje, ainda, fazer uso da palavra, mas é fundamental, necessário,
agradecer as palavras do Ver. Luiz Braz, do Ver. Vieira da Cunha, do Ver. Nereu
D’Ávila, do Ver. Omar Ferri, do Ver. Ervino Besson, que expressaram, acho que
de forma extremamente exagerada, digamos assim, a sua satisfação pela eleição
de companheiros seus da Casa. Digo exagerada no que concerne a mim, não ao
Presidente Valdir Fraga, e gostaria de dizer, nesta oportunidade, que não
porque queria ter atenção de todos os Vereadores, gostaria até que tivéssemos
outros colegas e companheiros destes quase dois anos de mandato aqui e penso
ainda em fazê-lo. Eu gostaria de registrar um pouco da visão que eu tenho sobre
tudo que eu aprendi aqui. E aprendi mesmo.
É
evidente que independente das qualidades que cada um tenha, ou dos defeitos ou
das limitações que tenham, 14 anos de ausência, falo só da ausência porque não
quero, de maneira nenhuma, abusar de um período da minha vida que foi bastante
difícil, mas me refiro simplesmente a isto, que representou ficar 14 anos fora
desta Cidade, distante da sua realidade, distante da sua gente e, portanto, sem
integrar nas minhas informações, na minha cultura, na minha sensibilidade,
aquilo que é um patrimônio da grande maioria dos que estão aqui. Portanto, o
exercício, muito honroso para mim, na condição de Líder de Bancada, ele foi
duplamente difícil, porque eu recém havia voltado há quatro anos ao País, entre
1970 e 1984 não estive aqui. Muitos dos nomes familiares aos senhores eu não
sabia quem eram, mas sobretudo não sabia o que haviam feito, não sabia o que
representavam do ponto de vista de sua trajetória pública. Muitos dos temas
extremamente bem conhecidos de Vereadores aqui que foram secretários, como o
Ver. João Dib, que foi Prefeito, eram temas que eram extremamente familiares da
maior parte da Casa e não somente a nossa Bancada do PT em geral estreava, portanto,
trazia uma dose importante de inexperiência, o que não deslegitimava como
representação de uma parte da sociedade de Porto Alegre, mas, evidentemente que
tudo isso fez a tentativa de estar à altura da tarefa e dos compromissos
assumidos mais difícil talvez do que tenha parecido à primeira vista – e não
está aqui o Ver. Clóvis Brum com quem eu gostaria de até brincando referir: ele
sempre me atribuía perspicácias, sutilezas e habilidades no jogo político que
deveriam ser a que eles têm, mas que não correspondiam em absoluto nem a minha
experiência e nem ao meu padrão de fazer o cotidiano da política. Isso deve até
ter me favorecido em alguns momentos de negociação, porque ele pensava que eu
devia ter uma carta na mão e que na verdade não tinha e que não tinha pensado
que poderia tê-la. As pessoas não podem ser senão aquilo que o conjunto das
suas experiências, dos ensinamentos que adquirem vai dando a cada um de nós. A
riqueza desta Casa é justamente que ela expressa experiências diferentes,
vivências diferentes, experiências administrativas e para nós todos. Eu tenho
certeza que ao falar um pouco em mim estou falando de meus companheiros de
Bancada. Nós aprendemos extraordinariamente aqui neste período que passou e a
coisa mais importante é essa possibilidade de passar rapidamente dum
aprendizado e não ficar numa espécie de infância permanente e ganhar
maturidade, ganhar adultez naquilo que é um compromisso que temos com a Cidade,
com as pessoas que votaram em nós, que é o de representar os interesses da
Cidade da melhor maneira possível e às vezes até para entender qual é a melhor
maneira possível é necessário um certo tempo de elaboração, de compreensão, de
estudo e de análise. Eu, quando digo que a intervenção do Vereador e meu amigo
Vieira da Cunha é um pouco excessiva, é exatamente por isso: porque eu acho que
uma boa maneira de acertar é ter a humildade e a capacidade de perceber aquilo
que se tem acumulado e o que se precisa ganhar e conquistar para estar à altura
das responsabilidades que nós como homens políticos pretendemos ter. Para mim
foi uma extraordinária oportunidade de vida, alguém que, de certa forma, teve
um certo tipo de marginalidade social por um longo período reinserisse na
Cidade aqui onde, de certa forma, teve um certo tipo de marginalidade social
por um longo período, reinserisse na Cidade, aqui onde está o coração e por
onde atravessam os problemas e as pulsações da Cidade e aquilo que cada um do
seu ponto de vista político e ideológico percebe dos dramas e dilemas da vida
de Porto Alegre é realmente ter num espaço extraordinariamente longo não
pudemos ter acesso. É por isso que não é um discurso com falsa modéstia, para
mim, o que realmente fiz aqui foi aprender, e, com os elementos que tinha, que
eram poucos, insuficientes, defender aquilo que acredito, aquilo que é sentido
principal da minha vida, que é o Partido que ajudo a construir, o projeto
social que tento construir. Modestamente um a mais do grande número de
militantes do Partido dos Trabalhadores. Queria aproveitar a oportunidade,
porque é um momento grato para mim e reconhecido pelos companheiros e
Vereadores que me antecederam nesta tribuna, dizer que eu gostaria ainda, e há
um bom tempo ainda como Vereador, de exercer e cumprir como devo e analisar
mais as questões que levaram a este tema que foi abordado aqui, que é dos votos
nulos e brancos, das abstenções, não é uma coincidência numérica, acho que este
ano de 1990 se encontra um pouco na encruzilhada dos destinos positivos ou
negativos da tentativa de redemocratizar este País. A década de 80 acabou sendo
infelizmente dominada por aquilo que o PT sempre caracterizou como sendo uma
transição conservadora, amarrada por cima, que prometeu uma infinidade de
aberturas e possibilidades e não conseguiu realizá-las. É evidente que esta
resposta popular não é um fenômeno que começou a acontecer nos anos 1990, ele é
o resultado e a condensação de uma transição extremamente complexa na qual as
reformas que iam acontecer não aconteceram, as soluções econômicas fracassaram,
as eleições que prometeram determinados aspectos e soluções fracassarem, a
Constituinte que gerou expectativas enormes até hoje não está regulamentada e
não desdobra seus aspectos positivos na vida cotidiana da Cidade, há decepções
demais, sobretudo no último ano, para aqueles que formaram no campo popular
esses 31 milhões e para aqueles sim 34 milhões, portanto, uma ampla massa
brasileira da qual excluo as elites que sabiam muito bem o que estavam fazendo
e que votaram no Collor e tiveram a resposta a que estamos assistindo e que
terminou de defraudar as esperanças do povo brasileiro.
Queria
terminar, aproveitando a generosidade da intervenção do Ver. Omar Ferri,
dizendo que para mim sempre foi muito amargo o fato de que entre eu e ele não
havia cumprimentos, acho que seria oportunidade ideal e vou descer daqui para
apertar-lhe a mão. Acho importante esclarecer como estas coisas aconteceram.
Não foi nem o momento do humor conhecido do Ver. Omar Ferri e nem um momento
brusco meu, isto se deveu ao que eu considero um mal-entendido. Recordam os
Vereadores que durante uma tarde inteira se negociou dois caminhos para formar
a comissão de sistematização da Constituinte Municipal e todos lembram que a
Bancada do PT analisou uma outra composição possível e como isto atrasava uma
proposta que sustentava o Ver. Omar Ferri, eu de uma forma um pouco
inadvertida, mas absolutamente sem má-fé, disse: não deixem de inscrever a sua
chapa, porque estava por esgotar-se o tempo hábil para isto. O Vereador, na
oportunidade, entendeu como deslealdade ou manobra de minha parte, e eu acho
que meu comportamento aqui nunca teve esse tipo de característica, desde aí
houve algumas palavras ásperas de um lado e de outro e se cortou o cumprimento.
Acho um absurdo que justamente entre um Vereador do PT e um do PSB não haja
isto. Quero aproveitar a oportunidade para que possamos reatar uma relação de
respeito. Muito obrigado.
(Revisto
pelo orador.)
O SR. JOSÉ VALDIR (Questão de Ordem): Sr. Presidente, solicito que a Mesa me
responda, ainda hoje, ou o mais tardar no início da Sessão de amanhã. No dia 12
de setembro, protocolei um Substitutivo ao Projeto nº 021/90 do Ver.
Clóvis Brum, que proíbe o funcionamento do comércio aos domingos. E, um dia
depois, dia 13 do mês passado protocolei um Projeto sobre o Sábado Inglês.
Ocorre que o Projeto do Sábado Inglês, embora fosse protocolado um dia depois,
já entrou em Pauta em primeira Sessão no dia 05 de outubro e o Projeto que eu
encaminhei um dia depois vai entrar em Pauta amanhã. Acho que isso é uma inversão
da lógica, porque o que entrou primeiro, que foi o Substitutivo, vai entrar em
Pauta depois do que entrou posteriormente, que foi o Projeto. Como nesta Casa
eu tenho sido vítima de alguns encaminhamentos que depois a gente não sabe
muito bem como eles aconteceram, estou encaminhando a seguinte Questão de Ordem
à Mesa: Primeiro se esse comportamento, se essa tramitação é usual, que um
Projeto que entra cronologicamente depois do outro seja apregoado em Pauta
anteriormente. E, se for isto, eu solicitaria à Mesa que respeitasse a
cronologia, até porque eu sou um Professor de História, e acho que essa questão
é uma questão muito importante. O que entra antes tem que ser apregoado antes,
e não depois. Sob pena de se dar margem àquelas confusões e causar prejuízos a
alguns Vereadores e para a própria imagem da Casa. Muito obrigado.
(Revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Mesa recebe a Questão de Ordem de V. Exª e
vai encaminhá-la à Diretoria Legislativa para, no momento azado, informá-lo.
Com
a palavra o Ver. Omar Ferri.
O SR. OMAR FERRI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em
primeiro lugar, queria agradecer ao Ver. Airto Ferronato que me possibilitou o
uso da palavra concordando com a transposição de tempo dele para mim; ao Ver.
Mano José, que me concede o seu tempo; e ao Ver. João Dib, que permitiu que eu
falasse antes da sua pessoa. Solicitei encarecidamente esta possibilidade de
antecipar este meus 10 minutos, porque saio daqui hoje e deverei levar meu pai
para o médico que atende doenças do coração, com hora marcada. E é exatamente
sobre isso que desejaria falar hoje. Há questão de 15 minutos, o Ver. Ervino
Besson, se não estou equivocado, falava do péssimo atendimento do Instituto
Médico Legal e as condições precárias daquele estabelecimento. Mas em matéria
de saúde nem tudo vai mal neste Estado. Por isso, sinto necessidade de
formular, nesta oportunidade, um pronunciamento que até diria de compensação à
lamentável situação do Instituto que atende às situações legais e jurídicas da
medicina. Eu precisei do Instituto do Coração desta Cidade, e o atendimento que
deram a mim, o paciente era meu pai, assumiu caráter de alta excepcionalidade.
Tanto que nenhum conhecimento eu tinha desse hospital, principalmente porque
uma das coisas mais raras da minha vida é entrar em hospitais, e fiquei sabendo
muita coisa de tal maneira que senti uma espécie de obrigação de assinalar que
esse Hospital do Coração se situa no nível dos melhores hospitais
latino-americanos, pelo menos no mesmo nível do Instituto do Coração de São
Paulo. Tudo começa em 1966, quando foi instituída a Fundação Universidade de
Cardiologia. Naquela época, para quem estava fundando era até um sonho quase
que irrealizável. Não apenas uma instituição que iria se dedicar ao atendimento
médico de pacientes com necessidade nessa área do coração, mas muito mais do
que isso: a criação daquela instituição também seria direcionada ao ensino, à
pesquisa e à assistência médica em cardiologia, dando ênfase especial à
formação de cardiologistas de alta qualificação profissional e de pesquisadores
de elite. Um ano depois esse sonho começou a tomar forma por iniciativa do
Prof. Marques Pereira. E quando assumiu o Governo Simon – abro um parênteses
aqui para elogiar o governo do hoje Senador eleito Pedro Simon nesse setor,
isto é, no setor de prioridade a um desenvolvimento altamente técnico do
Instituto do Coração. Em 1988, o Dr. Fernando Antonio Lucchese, seu atual
Diretor, iniciou a reforma e a ampliação com muitas dúvidas e incertezas, e
hoje a verdade é que o Instituto de Cardiologia está de coração novo. O
atendimento é excepcional; o aparelhamento técnico-eletrônico é de última
geração; essa reforma aumentou em mais de 100 leitos a capacidade desse
Instituto. A partir de 1979, nesses últimos 9 anos, mais de 10 mil operações
ali foram realizadas, comprovando que os objetivos estavam sendo plenamente
alcançados, mercê da seriedade, do trabalho, da competência, prezado Ver. Dib,
que com tanta atenção está ouvindo o meu discurso, acho que esse corpo de
administradores do Instituto do Coração, formado especialmente pelo Dr. Vitor
Bertoletti, estão, através da competência, da seriedade, do dinamismo, da
capacidade, da larga visão, comprovando que a iniciativa pública não perde para
a iniciativa privada, quando existem pessoas decididamente apostando num
trabalho e no alcance dos objetivos a que se propuseram. Eu visitei
compartimento por compartimento, sala por sala, visitei todo o Instituto do
Coração e tenho condições de assegurar a V. Exas que esse Instituto
está honrando as mais altas tradições do Estado do Rio Grande do Sul, no setor
da medicina pública e social. Este estabelecimento está engrandecendo a
atividade médica do Rio Grande do Sul.
Portanto,
esta é a razão das minhas homenagens. Homenagens que vão se resumir nas minhas
palavras finais, numa saudação aos médicos aqui assinalados por mim e por todos
quantos lá trabalham, de forma especial ao altamente qualificado corpo de
funcionários porque, mercê desse esforço e trabalho, eles estão engrandecendo a
medicina no Rio Grande do Sul. E comprovaram que este Estado tem homens dignos
e tem homens com capacidade para realizar plenamente e com grande abrangência
os propósitos dos objetivos públicos e sociais.
A
eles, médicos, aos funcionários, ao Dr. Luchese e ao Dr. Victor Bertoletti o
meu aplauso e a minha manifestação de louvor pelo que fizeram, dentre outras
pessoas, em favor da medicina pública no Estado do Rio Grande do Sul, sem
deixar também de louvar o Governo do Estado do Rio Grande do Sul e o Governo
Federal, através dos SUS, que deu verba e condições para que este trabalho
fosse realizado.
O
Sr. João Dib: V. Exª permite
um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Vereador, quero me solidarizar com o
pronunciamento de Exª e dizer que, realmente, o Instituto de Cardiologia merece
todos os nossos elogios, porque apesar da sua grandiosidade, ainda está em
expansão, o que é muito importante.
O SR. OMAR FERRI: Sou grato pelo aparte de V. Exª, que veio
complementar o meu discurso e agradeço a atenção dos Srs. Vereadores. Muito
obrigado.
(Revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. João Dib, pelo tempo
que lhe cedeu o Ver. Wilson Santos.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, quero neste
momento relembrar uma figura extraordinária desta Casa que foi José Aloísio
Filho. Por muitos anos seu Presidente, por muitos anos colocou esta Casa, pela
austeridade com que a dirigia, entre as primeiras do Brasil. É dele que aprendi
muitas coisas, lembro uma que me marcou profundamente. Ele me dizia: “Dib, quando
um Vereador se destaca é a Casa que se destaca.” E é assim que deve ser
considerado, mas não é como sempre que se considera. Estou relembrando Aloísio
Filho, porque dois Vereadores desta Casa se destacaram pelo respeito que a
comunidade lhes tributou levantando-os à representação na Assembléia do Estado
e, portanto, eles engrandeceram a Casa e a Casa cresce pelo trabalho destes
dois Vereadores, Flávio Koutzii e Valdir Fraga. Mas, Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, difícil mesmo é entender o simples. Fiz uma manifestação pessoal
dizendo que acreditava que deveria ser extinta a Assessoria de Comunicação
Social desta Casa. Claro que a maioria das manifestações foram contrárias ao
posicionamento deste Vereador. Quero dizer que não sei quantos membros têm a Assessoria
de Comunicação Social desta Casa, não sei. Não os conheço todos, de alguns eu
gosto muito, são os que conheço, gosto, gosto mesmo. Mas devo colocar a minha
posição que é diferente da Mesa da Casa, já que o Ver. Lauro Hagemann falou em
nome da Mesa na forma em que o Presidente se manifestou. Então esta Casa não
tem sido notificada, foi dito que o jornalista e o jornaleiro e até o dono do
jornal são criaturas diferentes, claro que o são. Mas a minha experiência nesta
Casa, a minha experiência no Executivo mostra que à medida que nós
providenciamos o chamado “bagulho”, esta é a expressão jornalística, que é
atirado nas redações, nós não chegamos a nada. Então eu lembro com muita
saudade Regina Paz, com saudade porque ela é falecida, mas com muito carinho
também, mas tenho que lembrar com Alda Souza, Elcir Silveira, Pedro Chaves,
Pires de Miranda, Melchiades Stricher, o Ayub – que não lembro o primeiro nome
– o Carlos Monteiro, a Nelcira Nascimento, o nosso querido Adauto Vasconcellos,
o nosso embaixador, o Bolívar Grizolia, o Elói de Rodrigues, Carlos Rafael de
Guimarães, Adil Borges Fortes, Carneiro Lopes, Leci Rech, Telmo Cardoso, Pércio
Pinto e com isso devo ter deixado de lado, talvez, uma dezena ou mais de nomes.
Quando
esta Casa não tinha Assessoria de Comunicação Social era noticiada, porque
então os jornais vinham ao nosso Plenário e permaneciam por todo o tempo. O que
nós fizemos? Foi dispensar os jornais, nós criamos uma Assessoria de
Comunicação Social, e eu não tenho nada contra nenhum dos assessores, nada! Nem
contra aqueles que não conheço, porque existem alguns que ainda não conheço,
não tenho nada contra eles. Agora, o que eu sei é que a imprensa é a pesquisa
da verdade e não está acontecendo nos jornais, é porque nós, gastando mais,
dispensamos os jornais. Até pouco tempo nós tínhamos, eventualmente, a Nelcira
Nascimento aqui, mas por que, se nós temos uma Assessoria de Comunicação
Social? Agora, eu não posso deixar de dizer da minha desconformidade por
assuntos que tratei nesta tribuna e que olhei no “bagulho” e não constava. Pelo
menos com a importância, que, pelo menos eu, talvez, por não ser nem um pouco
modesto, por saber dizer sim e não com a mesma tranqüilidade, mas eu lembro que
no ano passado, no mês de março, eu disse que o Executivo arrecadaria 400
milhões de cruzeiros, isso no mês de março. No mês de junho eu analisei o
orçamento da Prefeitura, fiz um belo pronunciamento, uma bela análise e no fim
do ano a Prefeitura arrecadou 400 milhões de cruzeiros. Eu disse em março e não
vi que me dessem cobertura. Essa cobertura seria para Câmara? Seria porque o
Vereador que se destaca também destaca a sua Casa. Em janeiro deste ano o
Executivo informava que arrecadaria 170 milhões de cruzeiros e eu dizia que
para um Orçamento de 4.875.000,00 era difícil, extremamente difícil que apenas
se arrecadassem 170 milhões, como informava o Sr. secretário da fazenda. E, na
realidade, dizia que arrecadaria acima de 300 milhões, e arrecadou 304.
Até
cheguei a pedir o impeachment do
Prefeito por não pagar o funcionário durante o período que preceituava a lei,
dizendo que tinha colocado o dinheiro no open, no over do Banco
do Estado de São Paulo. E trouxe até a papeleta do banco, mostrando que estava
depositado, porque por um equívoco entregaram para outra pessoa e ela me deu.
Não foi porque eu seja mais eficiente, foi por uma questão de sorte, mandaram
para o particular um documento da Prefeitura, porque trocaram de envelope. Mas
eu alertava que não era 170 e seria acima de 300. E hoje distribuímos um documento
que mostra, pela própria Prefeitura, que foi 304 milhões de cruzeiros. Eu
estava absolutamente certo. Não vi, porque não tinha cobertura dos jornais
aqui. Agora, se não damos importância nenhuma para esta Cidade, então os
jornais não precisam mandar ninguém para cá. Os jornais deixaram de mandar no
momento em que fizemos uma grande Assessoria de Comunicação Social. Porque, até
então, eu disse duas dezenas de nomes aqui, somaria mais duas dezenas, ou mais,
de jornalistas que deram cobertura, e no momento que os assuntos importantes
foram levantados nesta Casa, os Vereadores que debateram foram entrevistados,
porque era notícia.
Então,
Sr. Presidente, nós dispensamos os jornais, no momento em que criamos uma
Assessoria de Comunicação Social grande, e que à semelhança do que o Executivo
faz, uma assessoria muito maior manda um monte de matérias, manda um monte de
matérias, que se chama em linguagem jornalística de “bagulho”, e que nós,
eventualmente, entrevistados em emissoras de rádio, vemos o “bagulho” sendo
utilizado para rascunho, porque não constitui matéria importante para o jornal,
porque não foi colhida pelo jornal. Quando o jornal colhe, é meio diferente.
Então, na realidade, eu quero dizer que eu não tenho nada contra nenhum dos
assessores de comunicação social. Não os conheço todos, não sei quantos são,
mas não tenho nada contra eles. Colocando uma posição muito antipática, muito
pessoal, não é uma posição de Bancada, não houve consulta na minha Bancada, eu
estou dizendo que nós dispensamos os jornais, os rádios e as televisões. Nós
criamos uma Assessoria de Comunicação Social e a Câmara cada vez menos aparece
nos jornais e, quando aparece, como disse o Omar Ferri, muitas vezes era para
ser destacada negativamente. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Último orador inscrito, na tarde de hoje, é o
Ver. Airto Ferronato. Com a palavra o Ver. Airto Ferronato.
O SR. AIRTO FERRONATO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós
estamos assumindo a tribuna, neste momento, para falar acerca de um Parecer
Técnico expedido pelo tribunal de Contas com relação à definição das despesas
de pessoal relativamente ao Município de Porto Alegre que deverá fazer parte da
base de cálculo do limitador comparativamente com a receita corrente. E, desde o
início do ano passado, já tinha me pronunciado nestes termos e dizia que, na
verdade, alguns gastos ou muitos dos gastos efetuados pelo Município de Porto
Alegre e que eram incluídos como despesa de pessoal, na verdade, eram despesas
de órgãos deficitários da administração indireta, enquanto que órgãos
superavitários, também da administração indireta, não eram incluídos naquele
cálculo. Eu acredito que este Parecer do Tribunal de Contas, de uma vez por
todas, vem mostrar, com clareza, quais seriam os itens a serem incluídos neste
cálculo e, com isto, vem restabelecer a verdade, para fins de justiça, com
relação ao funcionalismo público do Município de Porto Alegre. Ou seja, o
funcionário do Município de Porto Alegre consome muito menos do que 50% da
receita corrente do nosso Município. Então, nós vemos que, a partir disto, quem
ganha é o funcionário público, que vê, que passa a sentir que, na verdade, não
é o responsável direto pelo excesso de gastos da máquina pública do Município.
E isto, quero deixar registrado, ocorre também a nível estadual e a nível
federal. Ou seja, uma vez calculado com correção, os percentuais de consumo da
receita versus despesa de pessoal, nós vamos constatar que, nos três níveis de
governo, estadual, municipal e federal, o funcionário está consumindo pouco. E
eu sei por que consome pouco: porque ganha muito pouco. Isto é sabido. Não é
possível ficar calado num momento destes, em que se tem tentado atribuir ao
funcionalismo todos os desmandos e equívocos que ocorreram na história das
administrações. Nós entendemos que, com isto, agora, o Prefeito Municipal
poderá fixar um limitador para a despesa de pessoal e este limitador será
obedecido e dificilmente será atingido, um vez que temos os parâmetros de
medida que vão facilitar a nossa avaliação. Quero dizer, também, neste momento,
que estava correto eu desde o início – ou se incluía tudo, ou não se incluía
nada, das receitas e despesas da Administração Indireta. E o mais correto é não
se incluir, como está definido neste Parecer. Além disto, gostaria de dizer,
até porque concorri às eleições de três de outubro, que a Câmara Municipal de
Porto Alegre venceu. Venceu especialmente porque foram eleitos o nosso
Presidente e o Líder da Bancada do PT até o ano passado, Ver. Flávio Koutzii.
Venceram eles pelo mérito pela forma como se conduziram, pela sua história
política e pelo trabalho que sempre fizeram dentro desta Casa.
O
Sr. João Dib: V. Exª permite
um aparte? (Assentimento do orador.) Aditaria ao seu pronunciamento que a
Câmara venceu, porque todos os Vereadores que se candidataram tiveram
expressiva votação, e tudo dentro de um momento difícil, onde o povo se
revoltou, votando em branco.
O SR. AIRTO FERRONATO: Agradeço ao aparte de V. Exª, e gostaria de
dizer que foi uma avaliação simples que fiz, entendo que todos os candidatos de
Porto Alegre tiveram uma votação expressiva, dentro da atual conjuntura, e
gostaria de fazer uma avaliação da minha própria candidatura, e dizer que, no
meu entendimento, concorri em 1986 e fiz um número “x” de votos, concorri em
1989, 1990, e comparando, a minha votação foi superior, de 1988 para 1990, e
gostaria de dizer que nós, Vereadores de Porto Alegre, e conversando com
colegas dos demais partidos, temos uma dificuldade, porque um candidato,
Vereador de um Município pequeno, com poucos votos, ele, na verdade, o seu
Município, e a sua base, fecham em torno daquele nome, buscando uma votação
significativa no seu Município, e mais redondezas, e isso conosco não ocorre; o
candidato de Porto Alegre não tem a base de Porto Alegre, até porque há uma
grande diversificação de votos, até pelas origens do cidadão eleitor. Então,
gostaríamos de cumprimentar ao Presidente da Casa e ao Ver. Koutzii, e com isso
a Câmara de Vereadores vê reconhecido o seu trabalho, e cumprimento a todos os
colegas que participaram dessa campanha política pelos resultados que
obtivemos, dadas as circunstâncias. Com relação aos votos brancos e nulos,
também gostaria de dizer basicamente o seguinte: que é verdade que a
dificuldade do momento foi bastante grande, que o povo estava revoltado e que
não entendi como corretas algumas posições que li. Na verdade o povo votou
equivocado, não soube votar, se atrapalhou com a cédula. No meu entendimento
quem queria votar válido, e quem tinha um candidato definido, ele teria ido
procurar um modelo de cédula. Então, a minha avaliação é esta, votou-se em
branco ou se anulou o voto com consciência política. E este é um recado que
vale para todos e acho que foi até uma posição consciente e madura do eleitorado
gaúcho pela situação política que vivemos.
O
Sr. João Dib: V. Exª permite
um aparte? (Assentimento do orador.) Gostaria de dizer que em 1982 votamos para
seis cargos e o povo votou maciçamente. Realmente o povo mandou mensagem aos
maus políticos.
O
Sr. Ervino Besson: V. Exª
permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Airto Ferronato, eu por
diversas eleições fui fiscal na apuração, mas o que nos chamou a atenção nesta
última foi a grande quantidade de votos nulos, por exemplo, com diversos dizeres
em cima dos votos. Inclusive chamou a atenção na minha zonal, até do próprio
Juiz, é um voto de protesto.
O SR. AIRTO FERRONATO: Eu gostaria de dizer neste particular o
seguinte: eu tenho tese com relação à própria Câmara de Vereadores de Porto
Alegre. Eu acho desnecessárias, na minha visão, reuniões na Câmara,
diariamente, eu entendo que prestaríamos melhor se fossem diminuídos os números
de Sessões, ou seja, para nós estarmos todas as tardes aqui na Câmara de
Vereadores, então, a minha avaliação é esta: menos reuniões aqui na Câmara,
reuniões para decidir mais, porque como disse o Ver. Nereu D’Ávila, muita
conversa não leva a nada, nós precisamos é de ação. Sou grato.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.
(Levanta-se a Sessão às 16h17min.)
* * * * *